Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
A falta de placas que identifiquem o nome das ruas, travessas e avenidas prejudica a vida de moradores de Santa Maria. Em alguns casos, o nome até está lá, mas com letras tão pequenas ou tão apagadas é impossível ler qualquer informação. O cruzamento das ruas Nelson Durand com Guilherme Cassel, no Bairro Dores, é um exemplo explícito da precariedade das sinalizações. Algumas vias mais antigas trazem placas instaladas na parede de casas, geralmente nas esquinas, como na Rua Fernandes Vieira, o que piora a visibilidade à noite e em dias de chuva.
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Também é comum extensas ruas terem placas apenas em um ponto. No Bairro Camobi, quem trafega pela RSC-287, a Faixa Nova, e precisa ingressar na Rua Ernesto Pereira, percorre mais de um quilômetro até encontrar identificação adequada. Quem sabe onde mora até sabe como chegar. O problema maior é o transtorno para taxistas, carteiros e até mesmo ambulâncias. Receber uma visita ou tele-entrega, dependendo do lugar, exige longas explicações.
A tecnologia, neste caso, costuma ser uma opção para quem se vê, de fato, em um "beco sem saída".
- Se não fosse o GPS, as pessoas se perdiam. Mas, quando não têm, fica difícil. No caso dos amigos mais idosos que vêm nos visitar, a gente tem que sair de casa e encontrar duas quadras acima ou ir até a Borges (de Medeiros) - relata Valquíria Santos, 42 anos.
Ela reside na Rua Uruguaiana, no Bairro Nossa Senhora do Rosário, desde que nasceu e, há cerca de 20 anos, não tem sequer uma placa.
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SOCORRO PREJUDICADO
O soldado do Corpo de Bombeiros Aurélio Rodrigues conta que a corporação costuma contar com a ajuda da população:
- Quando surge um chamado, surgem locais que não sabemos como chegar, nem com a ajuda do GPS. Aí, já pedimos para as pessoas irem nos esperar em algum ponto.
Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Na Região Oeste da cidade, o caso da Nova Santa Marta é um dos mais emblemáticos. O bairro que aguarda a regularização fundiária há 26 anos, tem de conviver com ausência de sinalização ou o troca-troca de nome da maioria das ruas. Thamires Pena de Oliveira, 18 anos, sabe o nome da via que mora depois de recorrer ao mapa.
- Vi em um mapa atualizado do município. Agora, digo que moro na Rua dos Cacaueiros, mas, até pouco tempo, era a Rua O. Só que, se andar toda rua, vai ver que não tem placa com nenhum desses nomes. Nunca teve.
Na última sexta-feira, o que Janaína Capitânio, zootecnista de uma agropecuária na Rua General Agostini, na Região Sul, mais fez foi dar informações:
- Só hoje, seis pessoas entraram aqui não para comprar, mas para perguntar o nome da rua. Seis!
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400 ruas não oficializadas
No Bairro Campestre do Menino Deus, cruzar por vias sem identificação já é rotina há longa data. A Rua Garibalde Schmmitt só tem placa porque o morador Juliano Menezes, 39 anos, tratou, ele mesmo, de confeccionar e instalar a estrutura por lá. O vizinho Nilton Sidinei Lima, da Rua Guarujá (sem placa), acrescenta:
- Pedir uma pizza dá trabalho, receber uma correspondência, é difícil. Temos que apelar para pontos de referência e no "dobra à direita, vira à esquerda".
Dono de um popular mercadinho do bairro, Jaime Ruy "socorre" muita gente perdida:
- Acabo sendo um centro de informações. Canso de ver o pessoal ficar rodando e rodando por aqui procurando ruas. O fato de não ter placas, e ainda não ser bem iluminado, acaba sendo perigoso. Já pedimos para a prefeitura, ninguém faz nada. Vai ver porque essa região não rende muitos votos.
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O curioso é que justamente nomes de rua aparecem entre as propostas mais apresentadas na "Casa do Povo". No ano passado, conforme a assessoria de imprensa da Câmara de Vereadores de Santa Maria, foram aprovados novos cinco nomes de ruas e um de uma praça.
De acordo com o Instituto de Planejamento (Iplan), a maioria das ruas do município possui nomenclatura oficializada pela Legislação Municipal n° 5558/2011, porém, existem leis anteriores que não foram revogadas ou que foram acrescentadas após a legislação. Além disso, existem ruas aprovadas em loteamentos, mas ainda não denominadas, pois não têm nomenclatura instituída pelo Legislativo.
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Atualmente, são, em média,1,6 mil logradouros nominados e cerca de 400 não oficializados, que apenas possuem nome popular dado pelos moradores.
Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
HÁ 2 ANOS, SEM CONSERTO
O cenário não é animador para quem reivindica sinalização nos bairros onde mora já que, por parte do poder público, nenhuma solução imediata parece emplacar. Conforme a Secretaria de Mobilidade Urbana, o contrato de concessão com a empresa contratada para fornecer placas de identificação para a prefeitura, que era de 10 anos, encerrou-se em dezembro de 2016. A pasta alega que trabalha no processo para a abertura de um novo processo licitatório, para escolher a empresa que passará a fornecer os materiais, mas não há prazos definidos para publicação do edital.
- Estamos passando por um processo diferente dentro da secretaria, que está em transição, e vamos abrir uma licitação para tratar das placas. Em caso de problemas, a população deve ligar para a Ouvidoria, que eles encaminham para Mobilidade Urbana - explica Sandra Rebelato, que, até a última semana, respondia pela pasta (o vereador João Ricardo Vargas assumiu a pasta ontem, e Sandra está à frente da pasta de Meio Ambiente).